Pentecostes
Cinquenta dias depois da Páscoa, com a Solenidade de Pentecostes, o tempo pascal chega a sua plenitude e termina. A celebração deste domingo nos recorda o acontecimento dos Atos dos Apóstolos, onde Cristo derramou em profusão o seu Espírito (At 2,1-11), e nos convida a abrir as portas do coração para que o Espírito Santo possa agir, reavivando os dons a nós concedidos, e revigorando nosso compromisso de discípulos-missionários de Jesus.
Depois da Ascensão, os discípulos ficaram tristes, confusos, desanimados diante da missão que Jesus lhes tinha confiado: “sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1,8). Voltaram para Jerusalém, onde ficaram aguardando o dom do Espírito, prometido por Jesus (At 1,4-5). Permaneciam fechados, com medo, reunidos no cenáculo com Maria, assíduos na oração. Ali, no dia de Pentecostes, receberam o dom do Espírito Santo. Revestidos da “força do alto” (Lc 24,49), passaram da tristeza para a alegria, do fechamento para a abertura, do medo para a coragem, do desânimo para o entusiasmo e ousadia de testemunhar a Ressurreição e seguir adiante na missão.
Antes de doar o Espírito aos seus discípulos, Jesus agiu pela força do Espírito Santo. Ele mesmo apresentou-se como “ungido pelo Espírito” e explicou claramente para que serviria essa unção (cf Lc 4,18). Receber o Espírito Santo é sinal de uma tarefa, uma missão que Deus espera que realizemos. O mesmo Espírito que enviou e conduziu Jesus em sua missão, pelo batismo, nos envia e nos conduz em nossa missão. É ele o Paráclito, o Consolador, o Santificador que nos ajuda a crescer no anúncio do amor redentor, na comunhão fraterna de filhos e filhas do mesmo Pai, no diálogo que nos aproxima um dos outros, no serviço aos que mais necessitam de esperança, e na construção da paz.
Pentecostes continua… Não aconteceu somente aquela vez em Jerusalém. O Espírito Santo é derramado generosamente, está presente e agindo em todos que procuram a Salvação e abrem seu coração à fé. Precisamos nos conscientizar sempre mais da sua morada permanente em nós e também no outro, especialmente nos mais necessitados, que cruzam nossos caminhos e se tornam um apelo de Deus para a prática da misericórdia e do cuidado. Precisamos reconhecer, também, sua presença no diferente que nos convida a olhar além de nós mesmos, e a superar os preconceitos.
O Espírito nos desperta para a vida de Comunidade e, de maneira especial, distribui entre nós os seus dons: _Como o Espírito Santo tem se manifestado em nossa comunidade? _Cedemos espaço para que Ele possa agir? _Acolhemos com amor uns aos outros? _Contribuímos com o crescimento da comunidade colocando nossos dons a serviço? Quem são os diferentes com quem somos chamados a dialogar? _Anunciamos o Evangelho na linguagem do amor, que toca os corações e é capaz de estreitar laços de união? _Nossa vivência de fé em comunidade, contribui para o fortalecimento do perdão e da paz? Muitas vezes, as dificuldades que enfrentamos se transformam em oportunidade de crescimento: _Existe alguma dificuldade hoje que poderia servir de estímulo para a Igreja descobrir novos caminhos? _Como e onde temos sentido a ação do Espírito Santo nesse tempo de pandemia?
Maria, a Virgem do Cenáculo, continua conosco. Que ela nos ensine a docilidade ao Espírito Santo, e nos ajude a entender melhor os seus apelos em nossa realidade.
Celebremos com fé, alegria e gratidão, o derramamento do Espírito Santo em nossos corações.
Colaboração de Valéria Ramos Dressler
Fonte: O Espírito abre caminho à Palavra
Edição Especial- Arquidiocese de Belo Horizonte: Roteiro para Estudo dos Atos dos Apóstolos/2001