Mês da Bíblia 2020 (Introdução)
Em setembro é tradição celebrar o mês da Bíblia.
Iniciou-se no Brasil, em 1971, na Arquidiocese de Belo Horizonte. O tema é escolhido pela Comissão Bíblico- Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e por outras instituições bíblicas, entre elas, o Serviço de Animação Bíblica (SAB/Paulinas), cujo fascículo utilizaremos na Paróquia Maria Serva do Senhor, para que possamos juntos aprofundar sobre a Palavra de Deus e criar maior intimidade com esta Palavra de Deus, que é a verdadeira luz para o nosso caminho, o alimento que nos sustenta, a força que nos mantém firmes e unidos na caminhada.
Por que Setembro? Porque celebramos a memória de São Jerônimo, o tradutor dos textos bíblicos para o latim, a chamada “Vulgata”. Nesse ano, de forma especial, celebramos, no dia 30 de setembro, 1600 anos de sua morte. Em 2020, a Igreja nos convida a estudar o livro de DEUTERONÔMIO, com o tema “Abre a tua mão para o teu irmão” (Dt 15,11). Apesar de ser pouco conhecido entre nós, este livro é um dos mais citados por Jesus e por todo o Novo Testamento. É um dos livros mais importantes da tradição religiosa e também para a tradição cristã por suas inúmeras citações na Bíblia hebraica e no Novo Testamento.
Em Deuteronômio o único jeito de o povo mostrar amor ao Senhor é a fidelidade às palavras recomendadas em Dt 6,4: “Escuta, Israel, o Senhor nosso Deus é Um! Portanto, amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força”. Sobre o livro: O Deuteronômio (que significa 2ª. Lei) faz parte do Pentateuco (nome dado aos cinco primeiros livros da Bíblia). Assim, podemos dizer que é a conclusão das narrativas da criação, da história dos patriarcas e matriarcas, da escravidão no Egito, da experiência do êxodo e da libertação. Também é importante relatar a morte de Moisés (Dt 34) antes da entrada na Terra Prometida (Josué – Js), um dos grandes líderes do povo e o maior dos profetas (Dt 34,10-12), no conceito dos israelitas e a entrega da liderança a Josué. Na Bíblia hebraica, isto é, no Antigo Testamento, o Deuteronômio é chamado de “Palavras”, por iniciar com a frase: “eis as palavras que falou Moisés a todo o povo” (Dt1,1).
O título grego, Deuteronômio, vem da versão grega da Bíblia, chamada Setenta (LXX) ou Septuaginta. Esse nome significa “segunda lei” ou “cópia da lei”. Ele surgiu por um erro de interpretação de Dt 17,18, visto que os alexandrinos (de língua grega) traduziram a expressão hebraica “cópia desta Lei” por “esta segunda Lei”, sendo essa tradução assumida pelas demais traduções da Bíblia. Em Deuteronômio, temos uma longa reflexão teológica sobre os momentos fundamentais da liberação, da travessia do deserto, e indicação da tomada de posse da terra. Ele ressalta a fidelidade YHWH (tetragrama, isto é, o nome de Deus, revelado para Moisés, mas que não é pronunciado pelos judeus, sendo substituída pela palavra Adonai, que pode ser traduzida por Senhor), a eleição de Israel, as Alianças estabelecidas com Deus, o sentido e o valor da Lei para a construção de uma sociedade fraterna.
O livro pode ser definido como o discurso de despedida de Moisés, ou melhor, o seu testamento, no qual ele transmite às novas gerações uma norma de vida a ser seguida com a entrada na Terra Prometida.Não temos informações precisas sobre a autoria do livro, apesar de ser atribuída a Moisés.Quando foi escrito? Onde? Com qual finalidade? Não sabemos quando e onde foi escrito. O processo de redação desse livro durou quase 4 séculos. Ele teve um lento processo de composição na história do povo de Deus, por isso há uma mistura de escritos do período monárquico, do exílio assírio e babilônico, até o período persa, correspondendo ao ano 1000 a.C. até o ano 333 a.C. aproximadamente. Foi um livro desenvolvido em momentos de crise política, econômica, social e religiosa. Qual a essência do livro? No Pentateuco, além do Código Deuteronômico (Dt 12-26), que apresenta orientações referentes às relações sociais, à fraternidade e à prática da justiça, sobretudo a atenção especial para com o pobre, o estrangeiro, o órfão e a viúva, ou seja, aqueles que são mais desprotegidos na sociedade, existem dois grandes códigos: o da Aliança (Ex,20-22-23,19) e da Santidade (Lv 17-26). As linhas teológicas básicas do Dt são: um Deus, um povo, uma lei, uma terra, e um santuário. Desses temas nascem os demais: a eleição, a aliança, a bênção, a maldição.
Ressalto a importância de conhecer a história do Povo de Israel, a partir do pai Abraão passando por Moisés, a libertação do Egito, a Terra Prometida e fazer o caminho que Deus percorreu como seu povo. O livro de Deuteronômio é o livro da memória de Israel.
Informações extraídas do fascículo Mês da Bíblia 2020 – Livro do Deuteronômio – Serviço de Animação Bíblica – SAB
Colaboração: Maria Ilda Mendonça / Pedagoga / Membro da Pascom – Pastoral da Comunicação / Coordenadora do Terço da Praça Coreto Setor III Nossa Senhora da Visitação / Formação Bíblia em Comunidade pelas Paulinas / FAJE Faculdade Jesuíta.Publicação Pascom/Pastoral da Comunicação