Caríssimos,
Neste mês de agosto em que a Igreja aqui no Brasil faz uma reflexão sobre as diversas vocações, quero provocarem cada leitor uma análise sobre a nossa missão pessoal que chamamos por “vocação humana”. Somos o resultado de um projeto divino em que Deus mostra a sua ousadia: nos cria como um ser frágil e ao mesmo tempo nos torna capaz de surpreender em tudo o que fazemos. Gratuitamente chegamos neste mundo pelo mistério da vida, e somos parte integrante deste planeta regido por relações naturais no qual temos responsabilidades de cuidá-lo e transformá-lo.
Diante do mistério da“origem de nossa vida” não tivemos escolhas ou participação efetiva: chegamos ao mundo por uma família que nos acolheu, nos ensinou os primeiros passos para o conhecimento, orientou na formação dos sentimentos, valores, socialização e proporcionou oportunidades para descobrir e optar por aquilo que gostamos. Se não tivemos direito a muitas escolhas na origem da vida,podemos dizer que ao tomarmos o conhecimentoe consciência dos fenômenos, dos saberes científicos e das relações entre as coisas, tivemos a oportunidade de tomar decisões. Por isso, não podemos simplesmente levar a vida de qualquer jeito sem o devido valor e comprometimento.A nossa vida é muito preciosa e precisa ser respeitada e valorizada pelo grau da sua importância. E nós somos responsáveis por essa ação.Como não estamos no mundo por acaso,é nossa responsabilidade mostrar a nossa marca na história e registrar ações que dignificam o nosso modo de existir. É neste sentido que vivemos plenamente a nossa vocação.
Quero citar neste texto um exemplo de vida e de vocação que vai nos ajudar muito a repensar a nossa caminhada de cristão. É a história do apóstolo Paulo, cheia de experiências de dedicação e serviço ao outro.
No início Saulo, cidadão Romano, como era conhecido nos relatos bíblicos, tinha uma vida tumultuada e apegada às regras sociais. Entre os seus objetivos estava o de viver apegado às leis sem compreender as consequências do que fazia. Sua missão era fazer o que bem queria sem qualquer valorização e respeito pelacrença, valores e sentimentos daquilo que era diferente do seu modo de pensar. Saulo era facilmente influenciado pelas ideias dominantes e comuns. Vivia em busca de elogios e feitos que agradassem a maioria das pessoas e das autoridades. Um determinado dia sentiualgo diferente. Justamente quando viajava para perseguir um grupo de cristãos, ele sente um chamado diferente de Deus. Algo lhe tocou a consciência para que ele pudesse “Repensar”suas atitudes e refletir sobre suas escolhas infundadas. Sente que a intolerância era sua marca. Estava apegado a atitudes que não enxergava as escolhas do outro.
Ao refletir e compreender o convite de Deus para “mudar de atitude” Saulo começa a provocar mudanças estruturais em sua vida. Muda primeiro o nome para Paulo. É um novo ser. Na nova proposta de vida ele necessitava de cativar e conquistar o outro. Essa missão foi árdua: procura recuperar a confiança, respeito e credibilidade de um grupo de pessoas que antes foram perseguidas por ele. Isso não foi fácil. Mas Paulo fez a diferença. Aceita a desconfiança dos opositores, mas não perde a fé na sua nova missão e função no mundo. Não teve receio ou medo de enfrentar a realidade que estava à sua frente. Ele se apresenta como “Apóstolo” de Jesus Cristo por convicção e testemunho. Não anuncia algo porque outros falaram. Mas testemunha algo que acredita como mudança para o mundo e que estava baseado nos ensinamentos de Jesus. Como não teve oportunidade de ver o Mestre fisicamente, Paulo faz uma revolução do amor ao próximo a partir de atitudes e gestos que aprendeu daquele que revolucionou a vida: Jesus. Paulo passa a servir com ousadia. Sua mensagem que antes era motivo de desconfiança se torna um exemplo e testemunho de vida, porque está cheio da vontade de acertar, de valorizar, de unificar, de amar e mostrar que é pela vida e sua dignidade que todo ser deve lutar e fazer realizar no mundo o projeto divino.
Caríssimos vamos manifestar com alegria o dom especial que possuímos em nossa vida. Inspirados no apóstolo Paulo possamos ser um pouco mais atentos à realidade; ser tolerante, acolher, praticar o exercício da humildade, da simplicidade e da firmeza dos nossos valores éticos. Essa harmonia e unidade de dons que acontecem nesse mundo é que torna possível a manifestação do Deus na nossa história de vida. Dizer “sim” à vida é responsabilizar por viver um amor que melhora a sociedade.
Uma benção especial a todos e todas que dedicam os seus trabalhos para fazer a nossa sociedade mais solidária, fraterna, digna e saudável para se viver.
Pe. Gleición Adriano da Silva